Apenas renda fixa e poupança bateram a inflação acumulada em 12 meses até fevereiro
No período de 12 meses até fevereiro deste ano, as aplicações que tiveram o melhor desempenho foram as que seguem o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), mostrou um levantamento do serviço de investimento TradeMap. Esse indicador teve uma valorização de 13% nesse período, o que levou apenas os investimentos em renda fixa e na poupança a baterem a inflação acumulada em um ano.
No mesmo período, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), a inflação oficial do país, acumula alta de 5,6%, segundo informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no dia 10 de março. No mês de fevereiro, a alta da inflação foi de 0,84% em relação ao mês anterior, e a taxa de juros da economia brasileira, a Selic, foi mantida em 13,75% ao ano.
O IHFA é o índice que reúne os principais hedge funds, ou fundos multimercados, do mercado brasileiro, calculado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Ou seja, o IHFA mede a performance da média dos fundos multimercados selecionados.
O IMA-Geral (Índice de Mercado Anbima) reflete a evolução da carteira de títulos públicos e serve como referência para os investimentos de renda fixa.
Poupança, Selic e inflação
“Até 2022, rolava muito papo sobre a poupança ser ruim, mas isso foi porque ela teve rendimento abaixo da inflação em 2020 e em 2021. O motivo foi a subida da nossa taxa básica de juros, a Selic. O rendimento da poupança é 70% da Selic, se os juros forem menores ou iguais a 8,5%”, diz o especialista em investimentos Renan Diego, criador e professor do curso Produtividade Financeira.
Mas, quando a taxa básica de juros passa desse valor, “o que tem acontecido nos últimos anos, o rendimento da poupança passa a ser de 0,5% ao mês, mais a variação da TR, a Taxa Referencial”, explica Renan.
Segundo o especialista, apesar de a taxa Selic ter maior influência sobre os resultados da poupança, os investidores devem se manter atentos também à inflação. “Ter um comparativo [da taxa de juros e o rendimento da poupança] com a inflação é importante para sabermos como está nosso poder de compra”, justifica.
Aplicações na Bolsa
O levantamento do TradeMap mostra que, também no período de 12 meses até fevereiro, os investimentos em ações não tiveram bons resultados. O Ibovespa, o principal índice de ações da B3, a Bolsa brasileira, registrou seu terceiro pior desempenho, com queda de 7,26%.
O índice de Small Caps (carteira com ações de empresas de baixo valor de mercado, as de menor capitalização na Bolsa de Valores, mas com potencial de crescimento alto), que tem o objetivo de medir a oscilação de preços dessas companhias, recuou 20,21%, e o índice de BDR’s apresentou queda de 9,6%.
Em 2023
Com IPCA acumulado em 1,37% em 2023 até fevereiro, somente três aplicações o superam: o índice BDR´s (5,57%), o CDI (2,05%) e o IMA-Geral (1,74%). Nesse intervalo de tempo, o investimento que teve o pior desempenho foi o índice de Small Caps, com queda de 7,9%, seguido pelo Ibovespa, com recuo de 4,38%, e o IDIV, com redução de 2,11%.
Considerando apenas o mês de fevereiro, apenas quatro aplicações tiveram ganhos superiores à inflação: o dólar ptax (taxa usada para calcular, em reais, o preço dos gastos internacionais) teve o melhor desempenho, de 2,13%, seguido pelo índice BDR´s, com valorização de 1,15%. Em terceiro lugar, ficou o IMA-Geral, com 1,03%, e, em quarto, o CDI, com 0,92%. No mesmo mês, a inflação medida pelo IPCA ficou em 0,84%.
“O dólar tem vários motivos para aumentar, e um deles está ligado diretamente ao mercado financeiro: é a quantidade de moeda circulando aqui no Brasil. Quanto mais dólares no país, mais barato ele fica; quanto mais raro, mais a cotação sobe. O dólar comercial teve uma alta de 2,92%, mais ou menos, em fevereiro, e fechou entre R$ 5,20 e R$ 5,23. Enquanto isso, o mercado de ações teve o pior desempenho do período”, disse Renan Diego.
Ele afirma que, desde junho de 2022, a maioria dos investidores das Bolsas de Valores do Brasil é de fundos estrangeiros, que vêm lá de fora investir no Brasil. ” Se as coisas começam a ir mal, e eles tiram os dólares que investiram aqui no país, a Bolsa cai, porque o volume de dinheiro que eles mantêm lá é muito grande. É assim: quando é retirado muito dinheiro, a Bolsa despenca, e o dólar, que tem movimento diretamente proporcional ao da Bolsa, fica mais escasso justamente porque sai do Brasil”, explica o especialista em investimentos.
Onde investir?
Para quem quer economizar, mas não sabe onde investir, Renan aposta na renda fixa como a melhor opção de investimento para este ano. “Acredito que vai vingar primeiro, porque a taxa de juros está alta. Este é, portanto, um excelente momento para quem está começando a investir, e nesse tipo de aplicação dá para tirar mais de 1% ao mês, com o menor risco possível.”
Ele afirma que, mesmo com a tendência de queda da taxa de juros até o fim do ano, todas as aplicações atreladas ao CDI são boas opções, “até porque a Selic está bem alta, e não vai cair tanto assim”, falou.
O especialista também recomenda o investimento em ações, mesmo com a Bolsa negativa e tendo registrado nos últimos tempos o pior resultado desde julho de 2022: “As ações estão baratas, por isso é um bom momento de entrar nesse mercado. É como pagar R$ 59 mil por um carro que custa R$ 70 mil, numa época em que tem muito automóvel encalhado. É oferta e demanda. Se a Bolsa despencou, vale a pena você botar ali um pouquinho [de dinheiro]”, finalizou.
Fonte: R7
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